sexta-feira, 20 de dezembro de 2013

Recife, 20 de dezembro de 2013.

   Hoje mais um rei foi deposto e seus súditos embriagados de tristeza cantarão suas canções com uma tristeza nova, que é a de saber que partiu o rei dos traídos que choram mágoas de copo em punho em cada bar, contando para cada garçom desavisado o suficiente que foi deixado, traído e que mesmo assim, ainda ama alguém profundamente leviano, e que vai chorar sim, mesmo que o objeto de seu amor não valha sequer a lágrima de um bêbado magoado, e o novo amigo que serve a mesa vai acabar servido de confidente servindo também aquele choro a mais na dose do boêmio descontente.
   Rossi como todo bom músico de sua época, era fã dos Beatles, do cigarro careta e acreditava de coração que mágoa nenhuma sobreviveria quando era afogada em álcool. Ele cantava em francês e também na língua dos desiludidos do amor. Todo desiludido do amor amanheceu órfão hoje. E só por hoje, todos somos mudos. Ele cantou o nosso Recife e tinha aqui o seu refúgio. Reginaldo Rossi foi um rei próximo de seus súditos como poucos reis conseguem ser, ele era tão humano, que seu corpo pediu a dolorosa.
   Hoje é sexta e estaremos todos embriagados, contidos em nossa tristeza ou fazendo um novo amigo no bar. Chorando os amores que não nos amaram ou pulando de cabeça em mais um sentimento destrutivo e ordinário. Sabe amigo que me lê, o céu aqui no Recife é quase sempre azul e hoje o Recife está com um céu cinza, pálido, hoje todos nós e até mesmo os céus do Recife, comungam  na saudade que já se faz presente. Que Deus o guarde, e quando der, olhe por nós.

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