Hoje mais um rei foi deposto e seus súditos embriagados de
tristeza cantarão suas canções com uma tristeza nova, que é a de saber que
partiu o rei dos traídos que choram mágoas de copo em punho em cada bar, contando
para cada garçom desavisado o suficiente que foi deixado, traído e que mesmo
assim, ainda ama alguém profundamente leviano, e que vai chorar sim, mesmo que o objeto de seu amor não valha sequer a lágrima de um bêbado magoado, e o novo amigo que serve a mesa vai acabar servido de confidente servindo também aquele choro a mais
na dose do boêmio descontente.
Rossi como todo bom
músico de sua época, era fã dos Beatles, do cigarro careta e acreditava de
coração que mágoa nenhuma sobreviveria quando era afogada em álcool. Ele
cantava em francês e também na língua dos desiludidos do amor. Todo desiludido
do amor amanheceu órfão hoje. E só por hoje, todos somos mudos. Ele cantou o
nosso Recife e tinha aqui o seu refúgio. Reginaldo Rossi foi um rei próximo de
seus súditos como poucos reis conseguem ser, ele era tão humano, que seu corpo
pediu a dolorosa.
Hoje é sexta e
estaremos todos embriagados, contidos em nossa tristeza ou fazendo um novo
amigo no bar. Chorando os amores que não nos amaram ou pulando de cabeça em
mais um sentimento destrutivo e ordinário. Sabe amigo que me lê, o céu aqui no
Recife é quase sempre azul e hoje o Recife está com um céu cinza, pálido, hoje
todos nós e até mesmo os céus do Recife, comungam na saudade que já se
faz presente. Que Deus o guarde, e quando der, olhe por nós.
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Obrigada pelo carinho de me ler, e se agradei, volte! que as portas estão abertas pros amigos!