terça-feira, 3 de dezembro de 2013

Frágil.

   Frágil. Eu não sou isso. Eu nunca fui, então, porquê agora? Eu pisei as cabeças das serpentes que cruzaram meu caminho, eu subjuguei os demônios que me pertenciam, eu sobrevivi à morte dos amores que vi nascer, eu estou de pé depois de ter morrido pela primeira vez, eu não sou o tipo de pessoa que tem fragilidades.
   A sensação é vívida, é como uma fratura exposta, minha alma está por fora. Não é a lua, não é o meu corpo, é algo que dormia aqui dentro e que eu fiz calar tantas vezes que acreditei que era algo mudo. Ou que havia morrido de inanição. Mas agora sei que me espreita, que me vigia e é difícil admitir, mas me atormenta.
   O que era mesmo aquilo que eu sempre quis? Não sei o que era, mas era o bastante e às vezes até me transbordava. Será que na luta entre o mar e a rocha, a rocha sou eu? Será que vou vergar até quebrar? Eu já verguei tantas vezes, achava que a minha alma era tão flexível quanto meu corpo. Eu fui treinada pra isso, conheço cada músculo do meu corpo pelo timbre da dor e eu fiz doer tanto até que não restasse dor pra sentir. Será que a minha alma quebra? Não consigo não imaginar quando será o dia em que direi que fiz e fui tudo que pude e não foi suficiente.

Frágil. Cuidado: frágil. Sou uma taça. Uma taça frágil e vários “e se?” sussurram metálicos no meu ouvido. Ninguém pode saber, ninguém deve saber. E talvez por isso seja prudente escrever e lançar aos quatro ventos, quase ninguém acredita no que lê. Ou pior, ninguém presta atenção naquilo que lê, e esquece de lê tudo que não está escrito no nosso código corrente de escrita. Todos poderiam ser mais se quisessem, mas só iriam querer se fosse fácil e rápido, o fato é que nenhuma alma é assim. Frágil? Só? Mas porque eu iria querer que ficassem e falassem se todos estão surdos? Eu vejo as bocas articulando algo, vejo olhos que entregam que seus donos são surdos e já articulam palavras vulgares em conversas sem sentido. Antes frágil do que à prova de laços.

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